sábado, 13 de fevereiro de 2010

Papel Sem Valor


Sou desprezado completamente. Não pelo que poderia ser e nem pelo que sou mas sim pelo que pareço ser e pelo que fazem de mim. Já fui limpo, perfumado, novo e bem cuidado, velho e bem guardado porém nunca atacado. Pelo menos não com armas...
Muito viajei por terras que não conhecia, vi muitas coisas e costumes. Iluminavam o meu caminho somente os vagalumes. Hoje me julgam apenas com a visão, mas a visão é só um dos seis sentidos e só alcança o que sou por fora e agora e isso não é algo que importe...que mostre o que tenho em mim de verdade, só alcançam o que cada momento pode mostrar e o que cada pessoa tem capacidade de absorver. Sei de amores impossíveis e de guerras impedidas, fui escrita com sangue suor e letras tremidas. Riscos frios e cautelosos e letras fortes e impulsivas como rios caudalosos. Sei das angústias humanas e das crueldades desumanas. Sei de secas e enchentes, fomes e intransigentes. Então porque me julga inútil e suja, feia e desproposital? Sim, estou em branco, ou quase, as manchas de lama não me deixam mais ser visto nem como o papel amarelado que me tornei. Nem as manchas de sangue e de batom que possuo, os amassões e pequeno rasgos de fúrias que me impuseram. Vista apenas pela dimensão egoísta da visão que nos ensinam a confiar para melhor nos manipular eu sou apenas um papel imundo que mal serve como papel higiênico para mendigos. Mas eu já fiz parte duma árvore sabe? Isto você não consegue ver ou ouvir, não consegue sentir o cheiro de terra molhada que possuía a minha mãe e nem toda a sombra que fazíamos sobre os pequenos e pacatos garotos do campo que se deliciavam com as frutas e nem consegue sentir a brisa agradável que nos acariciava todas as manhãs e nem as puras gotas de água da chuva que nos banhavam ou se quer o orvalho da manhã ao nos cumprimentar. Mal conhece metade do fim da minha história, por favor já me basta o esquecimento não me venha com tormento de malmente me julgar. Se quiser tente ler-me com todos os sentidos...caso não queira não me encha com feios e vulgares ruidos que fará sobre mim. Que seja assim até o fim!

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

ODIN (WOTAN)


Já que o público quer ler sobre os deuses porque não começar pelo "Gerente"?!
Odin é descendente dos primeiros deuses. Buri, um ser de corpo perfeito e sabedoria grande, nasceu do gelo que existia no início de tudo e que alimentava a vaca Audumbla. Ela lambeu o gelo até que um dia derreteu o suficiente para que o deus Buri saisse de lá e de seu filho Bor, e da esposa deste Bestla (da raça dos gigantes) surgiram 3 deuses, Odin, Vili e Ve. Juntos construiram midgard (a terra dos homems). Odin separou os dias e as noites pondo o sol e a lua no céu e traçando seus respectivos cursos. Logo depois ele e seus irmãos criaram o homem dum freixo (árvore) e a mulher dum álamo (outra árvore).
Odin permaneceu 9 dias pendurado a Yggdrasil (a árvore que sustenta o universo) atravessado por uma lança para que pudesse dominar o significado oculto das runas e se tornou incrivelmente sábio e poderoso.

Odin desfarçava-se de velho viajante para andar entre os humanos

Do trono Hlidskialf do seu palácio em Asgard (terra dos Deuses), Gladsheim, Odin vê toda a imensidão dos nove mundos. Junto a ele sempre estão seus corvos Hugin (Pensamento) e Mugin (Memória) que sobrevoam o mundo durante o dia e trazem as notícias para seu amo à noite, e seus dois lobos Geri e Freki, estes recebem toda a carne que comem de Odin já que, apesar de receber oferendas, ele alimenta-se somente do hidromel produzido pela cabra Heidrun.

Odin em seu trono em companhia de seus animais

Odin possuía a habilidade de falar com seus animais, incluindo o seu cavalo de 8 patas chamado Sleipnir que era o mais rápido cavalo do universo. Este cavalo era filho de Loki, surgiu no episódio do construtor do muro de Asgard (o gigante desfarçado), quando Loki se transformou numa égua e atraiu o cavalo do construtor para uma floresta no intuito de atrasar a construção.Loki presenteou Odin com Sleipnir como um agrado para esquecer suas trapaças.
Do seu nome originou-se o nome wednesday (quarta-feira) já que pode se pronunciar woden (wotan). Seu filho mais velho, e mais famoso, é Thor. Uma das histórias mais famosas em que se envolve é na narrativa de Wagner chamada "O Anel dos Nibelungos" na narrativa germânica. Resumidamente Odin cobra o filho do rei Sigmund, o herói Sigurd (Siegfried no germânico), como pagamento por ter usado a espada forjada por ele, Notung (usada para vencê-lo mais tarde). Ele pretendia usar o herói para conseguir o anel sem que fosse quebrado um acordo feito por ele envolvendo o anel como pagamento.
Odin ofereceu seu olho como pagamento para o gigante Mimir para que pudesse beber do rio da sabedoria que regava as raízes de Yigdrasil e obter sabedoria já que a cabeça do gigante residia no rio. Sua arma era a lança Gungnir e ele possuía um anel, Draupnir que a cada nove noites outros oito anéis tão perfeitos quanto este brotariam do mesmo.
Imagem antiga de Odin e sua montaria, Sleipnir

Numa das narrativas os anões Fialar e Galar haviam matado o sábio deus Kvasir e feito uma bebida do seu sangue junto a outros ingredientes para obter de sua sabedoria. Era dito que aquele que bebesse tal bebida obteria o dom da poesia. Eles eram muito perversos mas acabaram por matar um casal de gigantes e no futuro próximo seu filho Suttung foi cobrar satisfações aos anões que deram a bebida em seu acesso de grande medo. Os deuses cobiçando tal bebida requisitaram de odin, ainda jovem, para obter o Hidromel do gigante e da guardiã da bebida, sua filha Gunnlod. Ele então interrogou os anões e fez com que os criados do gigante e de seu irmão Baugi se matassem brigando por sua pedra mágica de amolar. Acordou então com Baugi ceifar o campo em troca de uma taça de Hidromel e Baugi o levou até o esconderijo da bebida. A guardiã tentou resistir mas Odin a seduziu e bebeu três enormes taças do líquido indo embora em seguida. Foi perseguido por Suttung em forma de águia e se transformou no mesmo animal rumando para Asgard. Chegando lá soltou um grito de alerta para todos os habitantes, que apressaram-se a por jarras e potes pelas ruas onde, em três voltas inteiras na cidade, o deus emplumado regurgitou toda a bebida de seu estômago.

Suttung Persegue Odin À Caminho de Asgard

Odin encontrou seu fim no Rangarok ao enfrentar o lobo Fenris. Este o devorou numa só bocada e um dos filhos do deus, Vidar, adentrou a boca da fera e forçando sua mandíbula com os membros partiu a fera em duas!

Fenris Devora Odin No Ragnarok

Estações


Eu sou apenas uma pequena folha, que faz parte de uma grande árvore.
Um árvore com raizes fortes e tronco frondoso, galhos espessos e uma grande copa.
Sou pequena se comparada com minhas companheiras, que são mais bonitas e bem mais verdes que eu.
Estou em um pequeno galho, separada das demais, e as vezes me sinto triste por estar tão só, mesmo que seja no meio das outras.
O vento bate em mim, fazendo com que eu balance conforme sua dança, me tornando apenas desafortunado.
Mas eu sei, pelo menos eu tento ser, diferente.
Continuar mesmo que o vento me mande para trás, mesmo que a chuva, molhe meu corpo além do nescessário, mesmo que o sol maltrate minha alma.
Me sinto tão pequena, tão frágil, mas sentir isso, não me torna menos importante não é?
Só me torna mais difícil de ser notada aos olhos desatentos de quem observa a bela árvore.
Então eu olho para baixo, a queda é grande, mas passou-se apenas a primavera.
Percebo que tudo está mais difícil, o calor aumenta, preciso trabalhar mais.
Tanto para mim, quanto para minhas companheiras, e para minha dona, a árvore.
Sei que se eu não trabalhar, irá fazer uma grande diferença, que só será notada, se eu priva-los de minhas consciência.
Mas eu realmente sei? Realmente faria a diferença?
Se eu sumisse agora, se o vento me levasse para longe da árvore, se a forte chuva me arrancasse do meu pequeno galho.
Eu realmente faria a diferença? De todas as outras folhas, eu faria a diferença?
Não sei, sinto minha presença desnecessária e obsoleta.
Sou apenas uma pequena folha, deveria pensar mesmo assim?
Não me lembro, mas sei que devo trabalhar, não por mim, porque sozinho, não sou nada, devo trabalhar por elas, para a grande árvore e para quem nos olha.
Ninguém quer ver uma árvore feia, sem folhas e sem vida.
Querem apenas nos ver, mas sem prestar atenção, aproveitar de nossa sombra, sem perguntar pelo que passamos.
Devo ser assim, pelos outros? Afinal, não me notam, mas ainda estou ali, faço parte dali... Não faço?
Então fico pensativo, pensar tanto não faz bem, eu preciso trabalhar.
Então eu olho para cima, e vejo o sol escaldante, mas passou-se apenas o verão.
Alguma coisa começa a me incomodar.
Mesmo sendo eu, a menor das folhas, sinto isso.
Sou respeitada pelas demais, mas penso se a grande árvore não me dera uma maldição, sabe, ficar sozinha num galho fraco, ser apenas uma ligação não
pretendida. As vezes penso que sou abençoada, por poder olhar as demais, e admira-las, por todos os dias de minha vida.
Me sinto como o elo fraco, não sei bem exatamente o que eu sou, não sei se posso continuar, tanta chuva, tanto sol, tão pouco reconhecimento.
QUem sabe sou mesmo o elo fraco, algo que não deveria estar ali, algo que só aumenta a distancia entre a Grande Árvore e a perfeição.
Mas, eu também trabalho, mesmo com a chuva e sol, eu também trabalho, também admiro, olham para mim também, mesmo que não me notem no primeiro momento.
Achando engraçado o fato de eu estar sozinha e longe de minhas irmãs.
Mas me apeguei muito ao galho em que estou, ele pode ser fraco e um pouco feio. Mas, é o meu galho, quem me suportou durante esses meses, durante os momentos
difícies e até pode contemplar a mais bela vista que eu tenho.
Estou aqui, felizmente, sou o elo fraco, mas ainda sim, sou um elo.
Com o passar do tempo, sinto que a Grande Árvore não precisa mais de mim.
Mas porque? Está fraca demais para continuar aguentando? Nos levando em cima dela?
Ou ela se cansou de nós?
Vejo minhas irmãs caindo, ao meu lado, em direção ao chão. Todas belas, agora com uma aparência de morte, um pouco enegrecidas.
E foi assim, durante meses, perdendo uma após a outra. Perdendo quem nunca queriamos perder.
Todas tombaram, e eu percebi, que era a última na Grande Árvore.
Todos que passavam por mim, ficavam a olhar a Árvore, não por minha causa.
Ficavam a olha-la, para dizer como um dia ja foi bela e agora estava morta.
Não me notavam, apesar de eu ser a única folha, não me notavam.
Eu senti algo morrendo dentro de mim, pensei que Grande Árvore, iria durar para sempre, que iria ser perfeita para sempre.
Mas ela não era exatamente como eu pensava que era.
Meu galho, já fraco, e um pouco quebrado, quase tombando e me largando no chão, uma pequena folha, enegrecida pela dor.
E eu notei, da pior forma, que a Grande Árvore não era quem eu pensava, mas também notei, que eu era parte dela.
E no final, não sabia quem eu realmente era.
Nem sabia o que eu realmente fora.
Uma delicada brisa, me tirou do galho, fazendo eu ir lentamente de encontro ao chão.
Dali eu vi, que haviam muitas outras folhas que eu não conhecera, muitos outros galhos, quem nem se quer havia ouvido falar.
Gostaria de te-los conhecido.
Então eu fecho os olhos, e me sinto indiferente, mas passou-se apenas minha vida inteira.
Uma vida em que eu lamentei e refleti, em todos os momentos.
E foi quando a última brisa percorreu pelo meu corpo que eu percebi.
Que o inverno não chegaria para mim.

Por: Caio Barros.

Parabéns ao meu jovem amigo por esse belo escrito, é um prazer e uma honra estar postando isso aqui Caio!
 
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